A elevação isolada dos triglicerídeos no sangue ou associada a certas alterações de frações do colesterol pode representar um importante fator de risco para a obstrução de artérias, particularmente as coronárias que irrigam o coração. São freqüentes os estudos publicados em revistas especializadas ou divulgados em congressos mostrando a importância em manter o nível dos triglicerídeos sob controle. Uma detalhada meta-análise apareceu na tradicional revista The New England Journal of Medicine confirmando que níveis altos dos triglicerídeos podem levar à obstrução das coronárias.
Um registro interessante é a confirmação de que o pior prognóstico é quando a alta dos triglicerídeos se associa à elevação do LDL, ou mau colesterol, e baixa do HDL, ou bom colesterol. Há certas associações típicas que complicam a elevação dos triglicerídeos, como é o caso da baixa da alfalipoproteína, indicando um mau prognóstico. Um tipo familiar de elevação dos triglicerídeos pode ser o responsável por níveis acima de 1.000 mg, quando o normal é de até 170 mg. Neste caso, a alta não corre por conta de erro na dieta e sim pelo excesso de produção pelo organismo. A alta dos níveis dos triglicerídeos pode se acompanhar de um quadro de pancreatite aguda, caracterizada habitualmente por dor em torno de umbigo. Uma associação arriscada da elevação dos triglicerídeos ocorre em indivíduos com sobrepeso, aumento da cintura abdominal e tendência à hipertensão e diabete. É a chamada síndrome metabólica, uma manifestação de resistência à insulina. A correção do peso e a normalização dos triglicerídeos reduzem em muito o risco de doença coronária.
Os pesquisadores que apresentam essa revisão salientam a importância da dieta apropriada e o exercício aeróbico para manter o peso tão próximo do satisfatório quanto possível. Habitualmente, as estatinas usadas para controle do colesterol serão suficientes enquanto o nível dos triglicerídeos esteja abaixo de 400 mg. Níveis mais altos, dizem aqueles pesquisadores, podem ser tratados associando uma estatina com a niacina, ainda que esta possa causar um calor facial. Outra alternativa está no uso de certos fibratos (Lipless, Cedur Retard ou Lipanon). O controle dos fatores de risco para doenças circulatórias, ao lado da normalização dos níveis dos triglicerídeos, pode evitar muitos casos de infarto do miocárdio.