Lampião, o rei do cangaço, era também um grande costureiro. Essa é uma das histórias que o repórter Francisco José revela para você.
Lampião, rei do cangaço, considerado o terror do sertão no início do século passado costurando, fazendo tricô demonstrando sua arte na confecção de adornos de couro. Preocupado com a estética e com as roupas do seu bando se tornou um desafio para os estudos da Ciência Social.
Ao realizar uma viagem simbólica ao Agreste, ao Sertão, a origem do cangaço. A seguir e no vídeo, o depoimento de uma das melhores expressões da nossa cultura, Frederico Pernambucano de Melo. O escritor está lançando o seu sétimo livro: “Estrelas de couro, a estética do cangaço”.
“É um dos paradoxos de Lampião. A ideia que se tem sempre de um homem permanentemente brutal, cafajeste. Quando nós cruzamos os depoimentos de pessoas que, ao longo de uma vida inteira conviveram com ele na intimidade, as constantes são: Lampião era um homem alto – 1m80 – magro, moreno, calvo e bem educado. Esse é o Lampião verdadeiro que, infelizmente, o cinema ainda não mostrou nesse paradoxo”, explica o escritor.
De que forma as roupas, as peças de metais, influenciaram na personalidade dos ‘cabras-machos’ de Lampião?
“Ele que sabia cosuturar, bordar e preparar o molde, portanto ele tinha características de estilista, passa a privilegiar os seus chefes de subgrupos porque sabiam bordar e costurar. Com isso, conferiam aos seus homens o orgulho da existência cangaceira”, completa Frederico Pernambuco de Melo.
Mas o adorno que mais identificou os cangaceiros de Lampião foi o punhal: “o punhal é um ícone. É o motivo de orgulho”, diz o autor.
Além do punhal, o chapéu de couro com a dobra bem peculiar é mais um símbolo do cangaço. E todos os adornos e adereços significam poder. Todo monarca, todo chefe de banco e, no caso, um bandido famoso que envolve uma mitologia, precisava se distinguir dos demais. E o casal Lampião e Maria Bonita, posou para várias fotografias em preto-e-branco, mas eles preferiam encarar a câmera pra posar e mostrar. E que essas fotografias fossem distribuídas por todas as pessoas da região
Faz parte do fascínio de Lampião, essa dualidade: brutalidade do banditismo com a delicadeza da boa educação.