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Separar ou ser Pará

Separar o Estado do Pará gerando três outros estados é um assunto que já permeia o debate e haverá de ser incluído no discurso dos candidatos ao governo. Não será possível aos candidatos em todos os níveis de candidaturas e funções eximirem-se do posicionamento com relação a essa proposta que já está em pauta faz muito tempo. Com absoluta certeza, aos candidatos majoritários, os de governo do Estado, é que caberá o mais claro dos posicionamentos, da feita que a posição do governador à época será o mais decisivo na campanha do plebiscito. Muito já se disse sobre o tema e muitos já apresentaram argumentos de ordem econômica, principalmente, mostrando que o retalhamento vem em desfavor dos três estado resultantes. Isso quer dizer que todos perdem, todos se tornam Estados miseráveis na partilha. A riqueza e o desenvolvimento acelerado que perpassa pela mente dos que são a favor, é tão somente um sonho. Digo que é sonho porque não se confirma no resultado de outras divisões e, portanto, não tem respaldo na história recente do país. Os casos de partilha não comprovam, até agora, o tal desenvolvimento acelerado, a melhoria dos índices de desenvolvimento da população e o crescimento substancial do produto interno bruto (PIB). Sem qualquer sombra de dúvidas, o mais forte de todos os argumentos para não separar o Pará é a geografia privilegiada da região onde se encontra o estado. Para confirmar essa afirmativa, é necessário que todos os paraenses entendam o que passo a descrever abaixo. O estuário do Rio Amazonas e seu leito até 200 km depois de Santarém dividem o Pará em três tipos de terrenos, completamente distintos na origem e na composição. Ao norte da calha do rio estão terras do Escudo Guianiense, onde se encontra a serra do Tumucumaque e descem desde alturas de 500 m até o nível do mar, em declive relativamente suave, sem saltos e por isso os rios possuem pequenas cachoeiras, de baixa altitude. São terrenos de origem granitóide, muito antigos e pouco irrigados, pois a fronteira com as Guianas delimita a cumeeira do escudo e, portanto, parte das águas converge para o Amazonas e parte para o Orenoco. No centro, onde se encontra o Rio Amazonas, existe uma faixa com mais ou menos 200 km de largura que são terras de origem sedimentar, muita argila mole e altitude pouco acima do nível do mar. Para se ter idéia, o Rio Amazonas em frente à Santarém está 12 metros acima das áreas baixas de Belém. Ou seja, o rio percorre quase 800 km com somente esse declive. Essa faixa de 200 km é muito irrigada, porém não apresenta possibilidade de aproveitamento hídrico, nem tampouco de riquezas minerais. Abaixo dessa faixa, entre os paralelos 3 e 4, o terreno sedimentar da bacia amazônica sofre um alteiamento, uma sobre elevação e define uma soleira de 100 metros de altura. Esta soleira passa pelas cidades de Tucurui, Altamira e pouco acima de Itaituba. È descendo essa soleira de 100 metros que os grandes rios Tocantins, Xingu e Tapajós formam grandes cachoeiras capazes de produzir mais que 30 mil MW. Ora, isso é mais que a metade do que o Brasil inteiro produz hoje. Não é tudo, pois, rio acima, a montante, essas terras que já fazem parte do Escudo Brasiliense, continuam subindo de altura e formando outras cachoeiras em condição de gerar mais energia elétrica limpa. Sem necessidade de citar outros pontos, é possível provar que, só no Estado do Pará, pode-se gerar mais 35 mil MW. Então, só de energia elétrica limpa, permanente, a geografia do Pará tem mais quantidade que o Brasil inteiro e nenhuma outra região do globo terrestre possui essa capacidade. Essa pujança ainda não completa a geografia privilegiada. Nas terras do planalto na direção do coração do país, em um polígono compreendido entre as cidades de Parauapebas, Eldorado dos Carajás, Redenção e São Félix do Xingu está a maior província mineral do planeta que dispensa mais detalhes. Também nas redondezas de Santarém, Oriximiná e Juruti, no oeste do Pará, outros depósitos fantásticos de minerais os mais variados. Para o leste do Estado, nas redondezas de Paragominas e Ipixuna, mais depósitos de minérios de tipos repetidos ou variados e de fácil exploração. No centro, passando por Altamira, uma larga e extensa faixa de massapé, aquela terra roxa que produziu a riqueza de São Paulo. Talvez tenha sido o aspecto minerário o pomo que despertou a cobiça insana de alguns aventureiros, travestidos de visionários. O Pará sozinho é um país completo e ele só terá valor se permanecer uno e trino: geografia, riquezas e povo. Isso deverá ser bem esclarecido para a população. O título do artigo eu o retirei do tema da escola de samba Tradição Guamaense para o carnaval de 2011, comandada pelo competente carnavalesco Hélio Martins: “Separar ou Ser Pará: o que é melhor para o Guamá”.                              

 

 

Nagib Charone Filho

Engº. Civil e Profº. da UFPa.

nagibcharone@yahoo.com.br

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